terça-feira, 29 de setembro de 2009

Homenagem ao negão motora

Autoria.
Rui Azevedo
Seu colega de clube, o Clube do Remo.
Rui foi zagueiro do Leão Azul na década de 1970 junto com Dutra.
Leonai Garcia


Tributo a Um Nove.

Levanta na área e abraça o Negão, esta era a jogada idealizada na década de setenta para o Clube do Remo conquistar o Brasil. Ela funcionou da Antônio Baena em Belém ao Maracanã contra o Flamengo de Zico no Rio de Janeiro. Idealizada por um trio de maior respeito no futebol paraense. Dr. Manoel Ribeiro o paizão que punia ao mesmo tempo em que atendia todos os pedidos, Paulo Amaral o treinador com fama de policial que fazia com que as obrigações fossem cumpridas com toda perfeição e o Alcino o Nove desta história a quem tentamos homenagear neste momento triste. Cabia ao nove torná-la conhecida com o complemento na área adversária. A jogada aérea utilizada com muita eficácia e fruto de treinamento exaustivo, não era a única virtude do Negão como era chamado por seus companheiros, dentro de campo ele sabia driblar a despeito de suas longas pernas e se deslocar para receber os lançamentos em profundidade com arrancadas oriundas da ponta esquerda e que sempre terminavam em gol. O Negão Motora, talvez não fosse um jogador dos chamados completos, porém, ele conseguia amealhar o que os outros noves que passaram pelo futebol paraense tinham de bom.O que diferenciou o Nove do Baenão, em sua vida não foi só pelos gols que fez ou os que deixou de fazer, sua vida também foi marcada por fatos pitorescos, os quais tive oportunidade de acompanhar como companheiro de equipe.O gol que deixou de fazer no campo do Pysandu após destroçar a defesa do time alviazul ameaçar o goleiro Délcio,sentar na bola e imediatamente ser expulso de campo pelo juiz Fernando Andrade.Antes de sair do campo de jogo perguntei-lhe porque tinha feito aquilo?Respondeu simplesmente que estava invocado. Esse era o Negão um cara extrovertido no campo, complicado no ambiente externo, numa sociedade para qual não estava preparado para conviver como ídolo. O mesmo Alcino que subiu a rampa de acesso a arquibanda que demanda para 25 de setembro com seu opala chevrolet, acendeu o farol, foi mudar de roupa pegou uma bola e sozinho foi chutar no gol para o carro vê como ele fazia gol. Os ídolos em qualquer atividade se caracterizam por atitudes diferenciadas e isto constitui o mito. O Alcino marcou sua vida dentro de campo pelos gols de todas as maneiras, como o que fez contra o Botafogo do Rio de Janeiro campeonato brasileiro de 72, arrastando o rosto na lama do Baenão o que pode ter sido o inicio de sua identificação com a torcida remista, ou, a expulsão ocorrida no jogo contra o Paysandu em 72.O Negão estava no banco de reservas por problemas físicos, o treinador era o João Avelino, com cinco minutos do primeiro tempo o Avelino desceu para o vestiário levando o Negão pelo braço, objetivo preparar o Motora para entrar no segundo tempo e ganhar o jogo para o Clube do Remo, passou quarenta minutos preparando psicologicamente o Negão para arrebentar no jogo.Isso aconteceu o Negão entrou no intervalo do jogo e no primeiro lance arrebentou o peito do jogador Waltinho meio de campo do Paysandu, sendo expulso de campo e acabando com o sonho de vitória do treinador.Segundo o treinador na preleção do treino seguinte, ele preparou o Negão para ter um parto sem dor.Esses são alguns dos fatos históricos construídos por esse carioca que chegou a Belém e como diz o folclore tomou tacacá e ficou.Porém sua vida no Pará, especialmente em Belém não se resumiu ao campo de futebol.O Alcino homem, visitou todos os ambientes, todas as portas que o futebol pode abrir, aí ele conheceu o luxo e o lixo,e, para tristeza geral amargou os dissabores da vida pós atleta, quando o dinheiro foi embora e o atleta está desqualificado para competitividade do mercado.Ostracismo e dissabores. Demonstra o que é o atleta em atividade e o atleta no pós-momento. Fase operativa, dinheiro, festas e portas abertas. Dia depois da carreira tudo foge principalmente o dinheiro que acaba. O Nove leva a saudade do levanta na área e abraça o Negão.

Adm. Rui Azevedo
Ex-Companheiro de Clube
Professor Universitário

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