terça-feira, 23 de março de 2010

A igreja e a democracia brasileira

Na condição de democrata, estou debruçado sobre a história de Dom Helder Câmara, figura marcante na história politica e eclesiástica desse país, enquanto viveu.
E viveu um tempão para a nossa alegria e desenvolvimento espiritual e político. A sua trajetória se imbricou inúmeras vezes mesclando política com religião, sabiamente.
No início, jovem, integralista até a alma. Capaz de discursos inflamados defendendo as idéias "fascistas" de Benito Mussolini que Plínio Salgado introduzira no Brasil da sua juventude, na capital cearence.
Amadurecido, instruído pelos superiores hierárquicos, abriu os olhos e se afastou dessa doutrina, de algum teor católico, mas, que, no fundo, tinha essência ditatorial com toda a sua voracidade.
Livre do integralismo, já no Rio de Janeiro, prenhe de intenções religiosas e democráticas acercou-se do poder instalado na então capital federal, acompanhando Dom Jaime de Barros Câmara na sua relação com o poder vigente - Eurico Gaspar Dutra, Getúlio Dorneles Vargas, Jucelino Kubistheck de Oliveira.
Mas o grande feito de Dom Helder Câmara foi a criação da CNBB, em 14 de Outubro de 1952, no Palácio Episcopal São Joaquim, no Rio de Janeiro.
Para atingir esse objetivo teve o apoio da igreja católica brasileira na pessoa de dom Jaime Câmara, e do Monsenhor Montini em Roma. Mais tarde, esse padre viria a ser coroado Papa: Paulo VI.
Enquanto viveram, dom Helder Câmara e o Papa Paulo VI foram grandes amigos.
Já, na condição de Bispo, foi eleito, por aclamação, secretário Geral da CNBB, fazendo parte da sua primeira assim composta: cardeias Carlo Carmelo de Vasconcelos Mota e Jaime de Barros Câmara e os bispos, dom Vicente Scherer, dom Mario de Miranda Vilas Boas e dom Antonio Morais de Almeida Junior.
A CNBB, instrumento da democracia neste país tem feitos memoráveis. Como ilustração: inclusão do artigo 147 na Lei Eleitoral que pune com perda de mandato políticos corruptos - João e Janete Capiberibe foram apanhados nessa armadilha legal.
Sua última grande façanha civilizadora foi a coleta de mais de 1.3 milhão de assinaturas de brasileiros, para o projeto "Ficha Limpa" que tramita no congresso nacional e que impede criminosos de se candidatar a cargos eletivos no Brasil.
Esse projeto corre célere e deverá valer nessa eleição de 2010.
É a CNBB, junto a OAB, ABI e ANJ ditando os rumos da democracia neste país, ocupando o lugar do congresso, órgão que deveria operar tais avanços.
Fecho esse documento, prestando minhas homenagens a memória de dom Helder Câmara "O Profeta da Paz".
Leonai Garcia

Nenhum comentário:

Postar um comentário