terça-feira, 3 de novembro de 2009

O meu modelo de jornalismo

Há algum tempo milito no jornalismo amapaense (15 anos). Sempre fazendo opinião. Para tanto giro o mundo em busca de embasamento intelectual no Brasil e no exterior.
Assim posso fazer análises sobre assuntos diversos: política (local, nacional e internacional), religião, esporte, economia, medicina, literatura, enfim, o arco é abrangente e exige dedicação, muita leitura e ligação na mídia.
O advento da internet facilitou o achado do conhecimento, produto básico para quem se aventura nesta seara. Ao lado dela, a TV a cabo e aberta e o rádio, complementam o arsenal do jornalista opinativo.
Sempre foi difícil atuar na mídia amapaense, seja ela, impressa, falada ou televisionada. O interesse $$$ dos proprietários fala mais alto. Não tem nada de errado nisso.
No mundo midiático, há as peculiaridades que padronizam o tratamento da noticia.
Tem gente que vive das “bênçãos” planaltinas, logo, o jornalista empregado, não pode ferir esses interesses. Há casos em que o jornalista não pode emitir opinião.
Ele tem de se contentar em “ler” as notícias, somente isso.
Cor partidária. Nem pensar. Tem é de “zelar” pelo $$$ do patrão, caso contrário: rua.
Diante dessa realidade fazer jornalismo no Amapá não é para qualquer um.
Uma exigencia do mercado é o jornalista ter o seu próprio site, portal ou então, o blog ou o twitter, assim, ele poderá trabalhar com liberdade.
Assim ele publica o que povo quer saber, dentro da lei. Se feri-la: processo.
Há casos em que o dono do jornal se acha no direito de “meter o bedelho” na atividade do escriba. Aí o caldo entorna.
Isso acontece por falta de “ética”, principalmente quando o sujeito vive dentro do "copo". Aí, complica tudo, os valores profissionais são jogados na lata do lixo.
Quem se respeita cobra do proprietário a “intromissão”.
Evidentemente, há os que se sujeitam por “precisarem” do emprego.
É gente dígna de pena.
Pobres coitados.
Massa de manobra.
Os que não aceitam a "tática" tem uma saída: cuidar da própria vida.
Não é fácil. Exige conhecimento no mercado, respeito das autoridades, e, principalmente, da sociedade civil organizada.
De posse dessas prerrogativas.
Tudo fica fácil.
Passei por isso e estou na luta. Aliás, vivo muito bem.
Programa no rádio, agora em nova emissora.
Há 15 anos, ocupo o horário das 6 às 8 da manhã de sábado.
Audiência consolidada.
Tentaram desestabilizar-me.
Não conseguiram.
Nem conseguirão.
Os anunciantes e o apoio político dão sustentação.
No jornal, também, a mazela foi superada.
Plantaram "embuste" no meu espaço.
Não aceitei.
O verbo adular não faz parte do meu dicionário.
Principalmente, salafrário.
Saí. Estou livre com o blog: www.omundoemdebate.blogspot.com
Aos poucos cresce.
Adepto do “new journalism” (Gay Talesse) persigo nos livros e noutras fontes a sabedoria para repassar aos que crêem no meu trabalho.
Sou democrata.
Amo o meu país.
Amo o Amapá.
Leonai Garcia

Um comentário:

  1. Caro amigo Leonai, saudações rubro-negras:

    Fazer jornalismo no Amapá, realmente, não é para qualquer um. Vc está certíssimo. Isso eu constatei há nove anos, quando de meu retorno para o Amapá, após trabalhar em várias capitais do Norte/Nordeste. Deparei-me com uma realidade à qual não estava acostumado: a exacerbada mercantilização do jornalismo e sua instrumentalização política da forma mais vil e ignóbil. Certa ocasião, escrevi um pequeno artigo, intitulado "Desabafo Natalino", e o enviei ao amigo Correa que o postou no site correaneto.com.br por quase dois meses. Nele eu confessei que por causa da acintosa venalidade de alguns pseudo-profissionais de Imprensa em Macapá, pela primeira vez ao longo de minha carreira profissional tive vergonha de me identificar como jornalista. Porque em Macapá "jornalista" havia virado sinônimo de pedinte tal o nível do vilipêndio ao qual minha profissão havia sido submetida. Felizmente, esse "desabafo" é coisa do passado. Como eu havia previsto, atualmente existem em Macapá profissionais de altíssimo nível, preocupados com o exercício ético e responsável da profissão. E a qualidade do jornalismo amapaense está em visível ascendência. Isso é bom para a sociedade. Embora existam, ainda, os maus exemplos. No entanto, eles passarão. E nós, passarinho.
    Ao longo dos meus 26 anos de profissão, 24 dos quais como jornalista de fato e de direito, trabalhei com todo tipo de gente. Patrões inescrupulosos ao extremo que, como donos de jornais, foram capazes dos atos mais torpes para arrancar das infelizes vítimas o chamado vil metal. E colegas igualmente amorais, que não titubearam em alugar a pena pelas famosas 30 moedas. Sobrevivi a ambos sobretudo porque meu ideal de jornalismo era e é o jornalismo como ferramenta de transformação social e promoção do bem-estar comum. Utópico? Creio que não. Sou do tempo em que jornalismo era profissão de fé e repórter uma função sacerdotal. Ou seja, o jornalista como sacerdote da notícia a serviço única e exclusivamente da sociedade.
    Diante de tantas barbaridades cometidas no "mass-media" amapaense, quem sabe esse meu conceito, absorvido nos bancos da UFPA nos já distantes anos 1980, esteja meio "démodé".
    Talvez eu esteja ultrapassado, dirão alguns. Mas, certamente, caro Leonai, não perdi - e nem perderei - a capacidade de me indignar.
    E essa é a essência do verdadeiro jornalista: a capacidade de indignar-se. Uma profunda aversão a tudo que é prejudicial à sociedade.

    É isso aí. Um abraço rubro-negro do
    Emanoel Reis

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