terça-feira, 3 de novembro de 2009

Futebol amapaense


Decorria o ano de 19440 e o menino Vadoca, juntamente com os da sua turma: Louro, Marlindo, Marlúcio, Gato, Sá, Leonino, Godi, e outros, jogavam a pela da na praia do Rio Amazonas, na vazante da maré. Quando a água subia, a pelada se transferia para Rua da Praia, logo acima, entre mangueiras que enfeitavam a frente da cidadezinha de Macapá, de poucos habitantes.
Assim a vida acontecia mansamente. Sem as preocupações da vida adulta os moleques se esbaldavam na “bandalheira” saudável, sem a sombra maléfica das drogas que hoje destroem lares, aos montes. Vadoca, o inspirador do livro Bola de Seringa é um cronista genial, devido a sua capacidade de relatar fatos ocorridos a tanto tempo, com o mínimo de fugas, coisa absolutamente normal vinda de um homem septuagenário (77), completados em 7 de Setembro de 2009. Ele é de 1932.
Os meninos da rua de baixo subiam a ladeira para jogar com os da rua de cima. Os moços que habitavam o entorno da Igreja de São José (Formigueiro). Muca, Bianor Caneta, Tio Bira, Chefe Humberto, Delbanor, Matapi, Michico, Curupira, Edilson Borges, e outros (....). – “Ninguém fazia graça. Era pau puro. Uma era deles e a outra, nossa”. Dizendo Vadoca.
E a vida ia escorrendo numa boa. Cidade pequena, na frente o rio amazonas com o seu trapiche, depois veio o Macapá Hotel, de Janari Nunes (1944). Atrás, o Formigueiro e o cemitério de N. Sª da Conceição, aonde se chegava por um caminho no meio do matagal. À direita a atual Avenida Coriolano Jucá e á esquerda, a Avenida Profª. Cora de Carvalho. Fonte: Francisco Lino da Silva.
No início da década de 1940, jogava-se futebol na antiga Macapá no campo do largo da Matriz. Hoje Praça Veiga Cabral. Dessa época vem o Panair, clube dos funcionários da aviação Panair do Brasil, tempo do Tio Bira (Ubiraci Picanço). Os funcionários da antiga Fundação SESP (serviço de saúde) fundaram o seu. Deles surgiram o Amapá Clube (Fevereiro de 1944) e Esporte Clube Macapá (Julho de 1944). O Azulino da Avenida FAB, até hoje, usa como distintivo o Cruzeiro do Sul, da antiga Panair, no lado esquerdo do peito.
Em 1947, os desportistas locais fundaram a Federação Amapaense de Futebol. Daí em diante, começou os jogos do campeonato local. O primeiro campeão foi o Esporte Clube Macapá. O campo da Matriz recebeu as medidas oficiais da FIFA e a bola passou a rolar oficialmente. Em 1949, Walter Nery marcou o gol do título do E. C. Macapá em cima do Amapá Clube.
Em 1950, em 15 de Janeiro foi inaugurado o Estádio Glicério Marques, obra do governador do então, Território Federal do Amapá, capitão Janari Gentil Nunes. Assim, os jogos do campeonato passaram a ser disputados no novo palco. O campo da Matriz cumprira a sua missão.
No primeiro ano de “Glicerão” (1950), o Amapá Clube foi o campeão. Do time alvinegro vivem e contam belas histórias Boró (81) e Jose Maria Chaves (85). Relembram o memorável jogo de inauguração: Pará X Amapá, vencido pelos paraenses, gol de Cacetão (Norman Percival Joseph Davis).
Isto é um pouco de história do futebol amapaense contida no livro “Bola de Seringa”, em breve à disposição dos interessados.
Leonai Garcia




Nenhum comentário:

Postar um comentário