por John Scott*
É comum observar na cidade de Macapá algumas famílias tradicionais, principalmente de negros, que moram na parte nobre da capital. Outrora, as famílias que nesses lugares habitavam (em frente a cidade) representaram uma certa resistência na chama urbanização, que empreendera Janary Nunes, o primeiro governador do ex-Terrório Federal do Amapá. Lembram do verso: "Aonde tu vai rapaz por esse caminho sozinho? Vou fazer minha morada lá nos campos do Laguinho!". Os negros foram "convidados" a se retirar da parte nobre da Macapá antiga. Esse episódio deu lenha pra muito fogo. Isso precisa ser dito, escrito e grafado nos livros de História Crítica do Amapá.
É interessante observar que os patriarcas (vovôs, vovós e a proli...) desses clãs reunem-se (ainda) em frente de suas casas e canfabulam abessa, casos e "causos" mesmo não se importando com quem passa e repassa pelo lado. E tambem não se importam com o barulho infernal dos veículos que transitam nas ruas. Essas máquinas passaram dos limites de tolerância nas malhas viárias urbanas da capital do meio do mundo.
Moral da história: assim como na África mãe se cultiva esse comportamento de reunião da parentada em frente de suas moradas, nas cidades de predominência negra e nos quilobos tambem, pratica-se. Leia-se Mazagão, Curiaú (no Amapá) e no Brasil à fora. Esse comportamento tá no sangue, mas pode desaparecer com o advento do progresso. Famílias vão embora e amigos se distanciam.
O cenário ficará como escreveu Saint-Exupèry, escritor francês: "Os homens já não tem mais tempo para conhecer as coisas (confabulação). Compram-nas prontas nos fabricantes, mas como não há fabricantes de amigos, os homens já não tem mais amigos!".
Esse é o preço do progresso. Culturas tradicionais, comportamentos etc., tendem a desaparecer.
É isso aí!
*John Scott é professor de História e Rádio Repórter.
sábado, 7 de novembro de 2009
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