quarta-feira, 15 de julho de 2009

Médico enfermo

Êta vida danada.
Surpreendentemente ouço a noticia dada colega Graça Creão. - "O Waldemar Itarinau viajou para Belém com uma grave doença pulmonar - Ca de Pulmão". Esteve internado no UTI da Unimed Macapá, unidade do Laguinho e devido a gravidade do seu quadro foi transferido para capital paraense, de onde é oriundo.
Falar do Waldemar é muito facil para mim, afinal, o conheci na 1ª série do curso científico (Ciências Biológias) do Colégio Estadual Magalhães Barata, no bairro do Telegrafo Sem Fio.
Após as aulas noturnas do colégio, estendíamos o estudo na casa do Bonifácio, que, de dia, trabalhava como balconista numa loja de tecidos na Rua João Alfredo, coração do comércio de Belém.
Pois bem. Eu, Bonifácio, Waldemar e Nonato, natural de Cametá varávamos a madrugada. Portanto. Um grupo de 04 estudantes, pobres, da periferia de Belém tentando ser médico.
Depois, por obra da vida, separamo-nos. Perdí totalmente o contato com ele e com os demais. Prossegui minha caminhada do curso científico; 2º, 3º ano, vestibular, aprovação, enfim...
Os anos se passaram e eis que num belo dia encontro o Waldemar em Macapá. Médico formado. Que alegria! Melhor. Ele me informou que o Bonifácio também se formara médico e atuava na sua cidade natal, p´ros lados do Rio Tocantins. Eles foram vítimas da mal fadada reforma universitária posta em prática pelo regime militar.
Waldemar agora um evangélico praticante. Daqueles que usava a bíblia tanto tivese uma folga no seu horário de trabalho. Tentou reconverter-me, sem sucesso inúmeras vezes.
Tiramos plantão juntos no Pronto Socorro Osvaldo Cruz. Primeiro, na parte de baixo, na clínica, depois, no CTI. Cansado e stressado daquela vida deixei o plantão naquele hospital, mas, o Waldemar, não. O Waldemar continuou a sua trajetória de plantonista.
Era a sua opção de viver. Do Pronto Socorro osvaldo Cruz passou para o Hospital da Unimed e de lá para o Hospital São Camilo.
Assim ele sustentava a sua familia. Um verdadeiro médico, quase que 24 horas do dia. Não importava. Domingo, feriado, dia santo, segunda-feira. O Waldemar trabalhava quase todo o santo dia. Coisa de um "santo homem".
Dedicado à familia. À mulher e aos filhos, agora, moços.
Pois é. Por capricho da vida. O meu colega Waldemar. O irmão Waldemar está doente. E que doença.....
É mais uma lição de vida para mim, que cada vez mais me sinto um pobre mortal.
Leonai Garcia

Nenhum comentário:

Postar um comentário