Comecei a frequentar o Ver-o-peso na minha meninice. Garoto de família pobre, a certa altura da infância fui estimulado pela minha mãe a vender tomates na feira do "Bacurau", no bairro do Telégrafo. Meu pai, à época: Serralheiro mecânico da SNAPP.
Mas, para comercializar os benditos tomates, eu e meu irmão mais velho, tínhamos de comprá-los para revendê-los em seguida, na tal feira.
Saíamos de casa de madrugada. Pegávamos o primeiro ônibus da linha em direção ao bendito Ver-o-peso, onde chegávamos ainda escuro.
No meio daquele monte de barracas dominadas por japoneses, compráva-mos a mercadoria, devidamente escolhida, e de volta ao Telégrafo no ônibus para fazer a venda. Foi assim o meu primeiro contato com o Ver-o-peso.
Para saber de seus detalhes fui a história. Surgiu no século XVIII como Porto de Fiscalização de Tributos. Era chamada "Casa de Ver o Peso" e foi construído às proximidades do Forte do Castelo, marco da fundação da cidade de Belém, erguido em 1616 (século XVII), pelos portugueses.
É um complexo que possui o Mercado de Ferro - cuja finalidade maior é vender carne de gado. Além disso, rodeando os talhos de carne, cujas estruturas de ferro trazidas da Europa, foram distribuidos ao seu redor, por dentro e por fora do prédio, pequenos espaços onde são comercializados as estivas em geral.
Nesse mercado de ferro, passei algum tempo minha vida de garoto vendendo saco de cimento e carregando sacolas para as senhoras dos arredores.
O mercado de Peixe cujo prédio é pintado em azul, tem a arquitetrura em estilo neoclássico com peças em ferro e gradil importados da Europa. Têm quatro torres altas, estreitas e ponteagudas dispostas nos seus quatro cantos, entre elas, foram construidos arcos, que lhe dão um charme todo especial. Ali se vende peixe de todas as espécies comestíveis da Amazônia.
Às águas da baia do Guajará banham o Ver-o-peso. Alí atracam barcos, canoas, e outra embarcações menores trazendo vários tipo de mercadoria da região das ilhas para comercializar.
O Ver-o-peso é considerado a maior feira a céu aberto da Amazonia. Vende: Açaí, tucupi, farinha de mandioca, farinha de tapioca, cheiro do Pará, artezanato, maniçoba pré-cosida, maniçoba pronta, camarão seco, hortifrutigranjeiros, ovos, tacará, caruru, vatapá, aves, peças de geladeira, de fogão, óleo de pracaxi, de andiroba, de copaíba, folhas para banhos, etc....
Para se ter uma idéia da dimensão do mercado do Ver-O-Peso, trabalham alí 5 mil pessoas que ocupam 1250 barracas, além dos prédios dos mercados já citados. São movimentados diariamente milhões de reais naquele logradouro.
O Ver-o-peso é o cartão postal mais importante de Belém. Recentemente foi escolhido como uma das sete maravilhas do Brasil.
Leonai Garcia
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