No período de 9 a 18 de de Agosto, acontece a festa de São Joaquim, na localidade Curiaú de fora. Estive na noite de quarta-feira (12) na capela do lugar para apreciar o ritual da reza comandada com sabedoria e lucidez pelo seu João da Cruz. Aquilo é uma demonstração de saúde mental. Nada escrito. Tudo decorado. Tudo rezado de memória.
Em determinado momento da liturgia entra os sons de pandeiros, violas, e maracás, tocados com muita concentração e dedicação pelos homens que ocupam o púlpito da capela. Eles acompanham o canto da ladainha. Chega a empolgar a sincronia de sons e vozes.
A comunidade lota a capela acompanhando a ladainha cantada pelo João da Cruz em latim, respondendo-a a tempo, com perfeição.
Ao final da reza os músicos e rezadores obedecendo um sinal de João da Cruz, uma um, ajoelham-se em frente a imagem de São Joaquim que repousa no colo de uma mulher e beijam as fitas que o adornam. É comovente.
Estudiosos da arte amapaense como a professora Piedade Videira afirma que essa festividade atravessa os séculos e que há registro dela no Museu Emílio Goeldi de Belém. e no Museu de História do Rio de Janeiro. Chama atenção o fato do povo que habita o Curiaú ser descendente de escravos.
Seu João da Cruz principal "rezador" da comunidade diz que o ritual é cantado em família desde o tempo do seu bisavô. Ele tem 72 anos de idade e reside no Curiaú de dentro, desde que veio ao mundo.
Na noite de sexta-feira (15) começa o Batuque do Curiaú após o canto da ladainha pela comunidade. É o momento da fusão da culto religioso com a tradição africana.
A festa vara a madrugada por que depois do batuque, começa o som da aparelhagem.
Leonai Garcia
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