O programa radiofônico "A Voz do Brasil", noticiário gerado pelos três poderes, em Brasília, anuncia: "morreram de tuberculose no Brasil, em 2008, 77 mil pessoas". Na escala mundial, somos o 19º lugar.
O ministério da saúde diz querer sair dessa posição incômoda nos próximos 3 anos. Legal!
Mas há "pedras" no caminho. A 1ª. Eleições de Outubro próximo. Se o atual governo vencê-las, e o seu substituto agir igual, o objetivo pode ser alcançado. Caso contrário (......).
Uma das causas que mantém alto o índice de contágio pelo bacilo de Koch, sua morbidade e mortalidade em níveis preocupantes, é o abandono do tratamento.
Justificativa dos doentes: o número de comprimidos p'ra tomar é grande e a tomada é feita de manhã, em jejum.
Além disso há os efeitos colaterais causados pelo remédios. Tem doente que contrai gastrite (vômitos), outros, gastroenterite (diarréia e vômitos), outros, ainda, hepatite medicamentosa (pele amarelada, urina escura, vômitos, etc...), enfim, há outras reações.
A bio-tecnologia resolveu o problema. Ainda este ano, novo esquema de tratamento da tuberculose será usado no Brasil. Tem poucos comprimidos e mais efeito bactericida. Assim, a expectativa é de menos abandonos, e mais cura.
Outro problema a ser vencido é a rapidez no diagnóstico da doença. Há casos em que se chega ao diagnóstico, tardiamente. Passei por um problema desses, há pouco tempo.
O doente chegou a mim no hospital, com radiografia do tórax de padrão totalmente diferente do usual em termos de TBC. Solicitei exames de escarro a fresco, de acordo com o consenso de tuberculose. Resultado: três amostras negativas. Deixando-me atordoado quanto ao diagnóstico. São os dilemas da profissão(....).
Solicitei broncoscopia para identificar: fungo, bacilo de koch ou célula neoplásica. O doente não resistiu ao exame devido a dispnéia. Então, começei o tratamento para doença micótica, pelo padrão radiológico.
Três dias após chegou o resultado do exame feito no Lacen: tuberculose. Três cruzes de bacilo no exame de escarro coletado.
Imediatamente iniciei o tratamento com o esquema clássico: RAMP, INH e PZA.
Só que o doente não reagiu aos medicamentos, devido o seu estado de desnutrição, faleceu em menos de uma semana. É mais um, na estatística de morte por tuberculose sob tratamento.
E os que morrem por aí, sem diagnóstico, nem tratamento????
Esse é um tipo de drama que o médico pneumologiseta enfrenta. Há casos em que o indivíduo tem a doença: tosse, escarros de sangue, febre, emagrecimento, e não vai ao médico de jeito nenhum.
Quando está à beira da morte a familia consegue fazê-lo chegar ao médico. O quadro é desesperador. A clinica é rica. O RX é classico. O exame de escarro é positivo 4 cruzes. Pior. A família está contaminada.
Aí, o médico tem de tratar, um por um. Periodicamente as lesões vão se formando nos pulmões com todo o seu cortejo clínico. Ainda bem que a tuberculose não é tão letal.
Se detectada a tempo e o sujeito tomar os remédios, regularmente, fica curado em 6 meses.
À beira de completar 35 anos de medicina, já ví muita coisa (.....).
Leonai Garcia
Nenhum comentário:
Postar um comentário